28 agosto 2007

teu aperreio

Teu coração aperreado
não sabe de onde vem o vazio.
Compras teus brinquedos,
não tem descanso da agonia.

Teus sonhos realizados
e desejos atendidos
só te falam que tu podes
ou que alívio não existe.

O que tá dentro
testemunha tua existência
mas não te conhece.

A paz que te falta
não virá de fora.
certeza só terás do fim.

24 agosto 2007

Tô na madrugada
de ontem.
Tô na caminhada

Ninhada de sonhos
carregando o carnaval.

Sinto os climas da folia,
do verão.
Vou ficando pra titia.

Vejos os batuques
até a meia-noite

E essa poesia que me cala?
vou ouvindo.
ouço nada do teu cheiro.

nem pensei nessa dor,
tem coisa que é maior.

20 agosto 2007

Tenho feito um grande esforço pra pensar menos.... cedo, tento sonambular até o piano e despertar já sentado no banquinho... isso evita pensamentos derrotistas.
As vezes eu acordo e penso em como vou sobreviver, ganhar dinheiro, independência, etc... só que daí eu acho o monstro muito grande, me dá uma profunda preguiça, eu encarno a inconsequência e desisto. Quando eu não penso, eu faço. Um dia, fazendo sem pensar eu acabo ficando adulto no mundo capitalista. Pensar com o vislumbre de como anda o planeta é desanimador, desesperador e me dá essa culpa de me achar covarde. Tem uma cabeça que me ajuda, é privilegiada e é oque me faz ter tudo que tenho, inclusive você. Tem uma outra que é minha inimiga, me pára. Se eu mato ela, viro bicho, se eu não mato, fico prisioneiro... Fujo, sem pensar. Só assim consigo agir.

08 agosto 2007

Comunidade

Somos cinco amigos; uma vez saímos um atrás do
outro de uma casa; primeiro veio um e pôs-se
junto à entrada, depois veio, ou melhor dito,
deslizou-se tão ligeiramente como se desliza uma
bolinha de mercúrio, o segundo e se pôs não
distante do primeiro, depois o terceiro, depois o
quarto, depois o quinto. Finalmente, estávamos
todos de pé, em uma linha. A gente fixou-se em
nós e assinalando-nos, dizia: os cinco acabam de
sair dessa casa. A partir dessa época vivemos
juntos, e teríamos uma existência pacífica se um
sexto não viesse sempre intrometer-se. Não nos
faz nada, mas nos incomoda, o que já é bastante;
porque se introduz por fôrça ali onde não é
querido? Não o conhecemos e não queremos
aceitá-lo. Nós cinco tampouco nos conhecíamos
antes e, se quer, tampouco nos conhecemos agora,
mas aquilo que entre nós cinco é possível e
tolerado, não é nem possível nem tolerado com
respeito àquele sexto.
Além do mais somos cinco e não queremos ser seis.
E que sentido, sobretudo, pode ter esta
convivência permanente, se entre nós cinco
tampouco tem sentido, mas nós estamos já juntos e
continuamos juntos, mas não queremos uma nova
união, exatamente em razão de nossas
experiências. Mas, como ensinar tudo isto ao
sexto, posto que longas explicações implicariam
já em uma aceitação de nosso círculo? É
preferível não explicar nada e não o aceitar. Por
muito que franza os lábios, afastamo-lo,
empurrando-o com o cotovelo, mas por mais que o
façamos, volta outra vez.

(Franz Kafka)

03 agosto 2007

Se eu não fosse pedra
menos poesia
menos densidade
Talvez leve, falador

Não tão maciço
Afundaria menos
Choraria molhado
talvez você me carregasse.

02 agosto 2007

Herido de sombras

Por tu auscencia estoy

Solo la penumbra

me acompana hoy

Perdido tu amor no podre

disfrutar de felicidad



Sin destino fijo,

como el humo voy

surcando el espacio

buscandote estoy

Tal vez no encuentre

Quiza te perdi

Para siempre, amor



Recordare

Tu mirar, tu sentir

No lo puedo evitar

Y sufrire

Anorando el ayer

No te puedo olvidar



Herido de sombras

Por tu auscencia estoy

Solo la penumbra

Me acompana hoy

Perdido tu amor

no podre ser feliz

Jamas


(Rolando Vergara)