30 junho 2007

Abri o olho.
O ontem veio lancinante.
Quase....
Levantei.

29 junho 2007


Uma homenagem silenciosa

25 junho 2007

Valsa

Oque a gente não sabe
Um futuro distante
provavelmente morte.

Cedo ou tarde
Vaio esse amor,
Te nego.

Nêgo véio que é sabido
não desatina
e te olha de cima

Da ladeira, escada rolante
Rolante...
Morro abaixo morro disso.

Mas morro de sim
E vou nascendo,
Não morras de não.

Um beijo no coração
Nas coxas não.
Vamos ao possível...

Me visto de sucesso,
Faço meu solo.
Você abala.

Um dia desmorona
Quem sabe?
nasces de sim...

(Pedro)

23 junho 2007

Castles made of sand

Down the street you can hear her scream "you're a disgrace"
As she slams the door in his drunken face,
And now he stands outside and all the neighbours start to gossip and drool.

He cries "Oh girl, you must be mad,
What happened to the sweet love you and me had?"
Against the door he leans and starts a scene,
And his tears fall and burn the garden green.

And so castles made of sand, fall in the sea, eventually.

A little Indian brave who before he was ten, played war games in
the woods with his Indian friends, and he built a dream that when he
grew up, he would be a fearless warrior Indian Chief.

Many moons passed and more the dream grew strong, until tomorrow
He would sing his first war song,
And fight his first battle, but something went wrong,
Suprise attack killed him in his sleep that night

And so castles made of sand, melts into the sea eventually.

There was a young girl, whose heart was a frown,
Because she was crippled for life, and couldn't speak a sound
And she wished and prayed she would stop living, so she decided to die.
She drew her wheel chair to the edge of the shore, and to her legs she smiled

"You won't hurt me no more."
But then a sight she'd never seen made her jump and say:
"Look, a golden winged ship is passing my way"
And it really didn't have to stop...it just kept on going.
And so castles made of sand slips into the sea,
Eventually

(Jimi Hendrix)

18 junho 2007

Semana dos namorados - Até logo

"And the end of our exploring
Will be to arrive where we started
And know the place for the first time"

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"O final de nossa jornada
Será chegar onde começamos
E conhecer o lugar pela primeira vez."

(T.S. Elliot)

17 junho 2007

Semana dos namorados - Domingo


As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Poemas de antes IV

Não sangrei mais
Reduzi cada desilusão
ao carácter inofensivo do aprendizado.

Por isso não choro
ando sem desejo...
mas sem imunidade.

(Pedro Gonçalves - convés - 01/01/05)

poemas de antes III

Se te amar demais
me torna menos interessante,
Querer-te muito
me faz disponível e entediante,
Devo evitar ser sincero.
Fazer que não quero,
que não me esmero.
Te deixar insegura
pra me sentir importante.
Mas se à tu que eu amo
não te farei mal.
Direi a verdade,
mesmo que não ouça.
Se tu só gosta do difícil,
já não tenho a menor graça.
Lamento.
Vou por aí.

(Gonzalito moleque - 07/07/2000)

16 junho 2007

Semana dos namorados - Sábado

Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja

Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo
a trabalhar duro na forja para sempre.
Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão.
Queria voltar a viver na floresta,
voltar a ser o livre caçador que fora antes.
Ogum achava-se muito poderoso,
sentia que nenhum orixá poderia obrigá-lo a fazer oque não quisesse.
Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro
e partiu para a floresta, abandonando tudo.
Logo que os orixás souberam da fuga de ogum,
foram ao seu encalço para convencê-lo a voltar a cidade e à forja,
pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de ogum,
as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas.
Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato.
Simplesmente os enxotava da floresta com violência.
Todos foram lá, menos Xangô.
E como estava previsto, sem os ferros de Ogum,
O mundo começou a ir mal.
Sem os instrumentos para plantar, as colheitas escesseavam
e a humanidade já passava fome.

Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos orixás
e ofereceu-se a convencer Ogum a voltar à forja.
Era Oxum a bela e jovem voluntária.
Os outros orixás escarnearam dela,
tão jovem, tão bela, tão frágil.
Ela seria escorraçada por Ogum
e até temiam por ela, pois Ogum era violento,
poderia machucá-la, até matá-la.
Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes
de que os demais nem suspeitavam.
Obatalá, que tudo escuta mudo,
levantou a mão e impôs o silêncio.
Oxum o convencera, ela podia ir a floresta e tentar.

Assim, Oxum entrou no mato
e se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar.
Usava ela tão-somente cinco lenços trasparentes
presos à cintura em laços, como esvoaçante saia.
Os cabelos soltos, os pés descalços,
Oxum dançava como o vento
e seu corpo desprendia um perfume arrebatador.
Ogum foi imediatamente atraído,
irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa,
mas se manteve distante.
Ficou a espreita atrás dos arbustos, absorto.
De lá admirava Oxum embevecido.
Oxum o via, mas fazia de conta que não
O tempo todo ela dançava e se aproximava dele
mas fingia sempre que não dera por sua presença.
A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços na cintura,
deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum.
Ela dançava, o enlouquecia.
Dele se aproximava e com seus dedos sedutores
lambuzava de mel nos lábios de Ogum.

Ele estava como que em transe.
E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata,
sutilmente tomando a direção da cidade.
Mais dança, mais mel, mais sedução,
Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina.
Ela ia na frente, ele acompanhava inebriado,
louco de tesão.
Quando Ogum se deu conta,
eis que se necontravam ambos na praça da cidade.
Os orixás todos estavam lá
e aclamavam o casal em sua dança de amor.
Ogum estava na cidade, Ogum voltara!
Temendo ser tomado com fraco,
enganado pela sedução de uma mulher bonita,
Ogum deu a entender que voltara por gosto e vontade própria.
E nunca mais abandonaria a cidade.
E nunca mais abandonaria sua forja.
E os orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum.
Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios
e houve plantações e colheitas
e a fartura baniu a fome espantou a morte.
Oxum salvara a humanidade com sua dança do amor.


(fonte: Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi)

15 junho 2007

Semana dos namorados - sexta-feira

O AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o amor antigo, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

(Carlos Drummond de Andrade)
Atirei um limão verde
Na janela do meu bem.
Quando as mulheres não amam
Que sono as mulheres têm.

(Manuel Bandeira)
INTERVALO
ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

(Fernando Pessoa, 1911)
Cartas de Amor

Todas as cartas de amor são ridículas
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas que nunca
escreveram cartas de amor é que são ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor é que são ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos,
são naturalmente ridículas.)

(Álvaro de Campos)

14 junho 2007

Semana dos namorados - quinta-feira

Na véspera

Na véspera de nada ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via, ninguém aqui chegou.
Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.

(Fernando Pessoa)

Receita para não engordar sem necessidade de ingerir arroz integral e chá de Jasmim


Pratique o amor integral

uma vez por dia
desde a aurora matinal
até a hora em que o mocho espia.

Não perca um minuto só
neste regime sensacional.
Pois a vida é um sonho e, se tudo é pó,
que seja pó de amor integral.

(Carlos Drummond de Andrade)

13 junho 2007

Semana dos namorados - quarta-feira

Balada do amor através das idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles
espirituoso e devasso,
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

(Carlos Drummond de Andrade)


Sem

Você me faz cafuné.
Tanto faz.
De qualquer modo me sinto.

Quando a cabeça é pesada
você que me deita no chão.

Quando te ouço calada
sei que não falei sozinho.

Te encontro sempre nesse
samba marcado de resignação.
E me encontras nessa
eterna surpreendente compreensão.

Te faço o cafuné
E o sonho, tanto faz.
expectativas: já basta

Sinto nesse afagar-te
tua mão na minha cabeça.
Cafunezado estou também.

Ou me acho.
acredito onde duvidas.
E deixo mas te provo.

Sabes que falo sério
sempre e anteontem.
e não deixo morrer tão cedo.

Cedinho que quero
pão de queijo na tua aurora.
coisas de casal.

Também adaga de amantes.
Também choro na madrugada.
Aquele frio abdominal.

Exageros,
provas de amor a toda hora.
Inclua isso também.

Cafuné você me faz
Eu te faço...
Tanto faz.

(Pedro Gonçalves)
"Eu te prometo o sol... se hoje o sol sair
ou a chuva... se a chuva cair.
(...)
Nesse dia branco, se branco ele for."

(Geraldo Azevedo)

Verso II - O encontro dos opostos

"Só temos consciência do Belo
quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo
O tom e o som se harmonizam.
O antes e o depois seguem-se um ao outro.
O passado e o futuro geram o tempo.
O longo e o curto se delimitam
O ser e o não ser geram-se mutuamente.
O sábio executa sua tarefa sem agir.
O sábio tudo realiza - e nada considera seu.
O sábio tudo faz e não se apega à sua obra."
...

(Lao Tzu - Tao Te King)

12 junho 2007

Semana dos Namorados - terça-feira

O dia dos namorados

O dia dos namorados
pra mim é todo dia.
Não tenho dias marcados
pra te amar noite e dia.

O dia 12 de junho,
como qualquer outro, diz
(e disso sou testemunho)
que contigo sou feliz.



(Carlos Drummond de Andrade)
Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta
listada?

A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

— Antônia, você parece uma lagarta listada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:

— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

(Manuel Bandeira)

11 junho 2007

Semana dos namorados - segunda-feira

Destruição

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como oque era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos pra sempre.
Deixaram de existir mas o existido
continua a doer eternamente.

(Carlos Drummond de Andrade)

Semana dos Namorados - Introdução

Se você tá procurando amor
Deixe a gratidão de lado:
O que que amor tem que ver
Com gratidão, menino,
Que bobagem é essa?

(...)

Sem alma, cruel, cretino,
Descarado, filho da mãe,
O amor é um rock
E a personalidade dele é um pagode.

(Tom Zé - estudando o pagode)

09 junho 2007

Ditirambo

Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade

(Oswald de Andrade)

no big deal

DOESN'T HAVE TO HAVE A MOON IN THE SKY
DOESN'T NEED A BLUE LAGOON STANDING BY
NO MONTH OF MAY, NO TWINKLING STARS
NO HIDEAWAY
NO SOFT GUITARS
DOESN'T NEED A CASTLE RISING IN SPAIN
NOR A DANCE TO A CONSTANTLY SURPRISING REFRAIN

(Rodgers/Hart - recortado)

02 junho 2007

Peito Vazio

Nada consigo fazer quando a saudade aperta.
Foge-me a inspiração, sinto a alma deserta.
Um vazio se faz em meu peito
e de fato eu sinto em meu peito um vazio.
Me faltando as tuas carícias,
as noites são longas e eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool a tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança
Vou seguir os conselhos de amigos
E garanto que não beberei nunca mais
E com o tempo essa imensa saudade que sinto se esvai.

(Cartola e Elton de Medeiros)