Por muito tempo achei
que a ausência era falta.
E lastimava, ignorante a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços
que rio e danço e invento
exclamações alegres
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
10 março 2010
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