30 maio 2007

Noite ilustrada

Chorei.
Até tentei engolir,
todos olharam.
não viram.
pena não quis,
nem lamentava.
Ali onde chorei, ninguém mais chorava.
Dar a volta que não dei, qualquer um dava.

Um homem de fé.
Se sabe só, no chão, de pé.
Quer logo que a mulher
lhe dê o braço, a boca, a testa.

Reconhece-se grão,
e não desatina.
Na poeira sacodida que só vai,
a volta impossível é bem mais embaixo.

24 maio 2007

Porque você não vai bater em alguém menor que você?

22 maio 2007

Poemas de antes II

Vou chamar de isso.
É o nome que deve ser dado.
Uma coisa que não se sabe...
mas está flagrante no investigar.

Isso mais do que isso.
Só não digo que é isso tudo
Porque não sei bem direito oque é isso.

Se não estivesse aqui
eu não chamaria de isso.
E se eu soubesse mais,
chamaria de outros nomes.

Mas vou chamar de isso.
Porque é só isso,
Ou tudo isso.


(02/04/2004)

18 maio 2007

Segunda pessoa

Hesitas...
Não passas disso.
Hesitas...
soltas pequenas farpas.

Sei que dormes mais só do que eu.
E até que tens bem mais do que farpas.
Mas hesitas...
Tens de vergonha e pedrinhas nas mãos.

Te pretendes a que nada quer.
Mas essa tu já não lhe basta.
Tens do pouco que te mostra,
Mas esperas alguem que lhe adivinhe.

Trazes a sede mais placentária.
Altiva em teu trono até o quinto copo.
mas quando pisas a sujeira dos fins de noite,
Sentes que de nobreza a carne morre.

Talvez te arrependas logo depois.
Travesseiros francos lhe cutucam nessas horas.
Antes do amanhã, depois de hoje...
Hesitas.

15 maio 2007

poemas de antes I

Sou Pedro
Sou Pedra
Não oco,
Maciço.

Difícil de carregar,
Me molda água em milênios...

Sou pedra dura,
Terra futura,
Fogo velho.

(04/01/2004)

11 maio 2007

contraste

Desencontro nas palavras.
Prioridades nada a ver.
Como disse alguem para uma amigo meu:
"Ninguém vai no açougue comprar pepino."
As nossas afinidades continuam aqui e alí,
Esses segredos já não me interessam mais...
Ajudando na medida em que posso me proteger.
Quem divide continua perto.
Continua com as chaves...
A balança da troca é igual a gangorra.
Desequilíbrio vira tombo.
Ou aquele que tá mais leve fica preso lá em cima.
Tem também aquela maldade da porrada no queixo.
De baixo pra cima...
Como tem sido...
Há tempos.
Há tempos e tempos.

09 maio 2007

MAIS QUE A LEI DA GRAVIDADE
(Paulinho da Viola e Capinam)

O grão do desejo quando cresce
é arvoredo, floresce
Não tem serra que derrube
Não tem guerra que desmate
Ele pesa sobre a terra
mais que a lei da gravidade,
e quando faz um amigo
é tão leve como a pluma
ele nunca põe em risco
a felicidade.
Quando chegar dê abrigo
beijos, abraços, açúcar
só deseja ser colhido
o desejo é uma fruta,
e com ele não relute
pois quem luta
não conhece a força bruta
nem todo mal que ele faz.
Satisfeito é uma moça
sorrindo, feliz e solta
beije o desejo na boca
que o desejo é bom demais.

05 maio 2007

É preciso perdoar

Ah, madrugada já rompeu
Você vai me abandonar
Eu sinto que o perdão você não mereceu
Eu quis a ilusão, agora a dor sou eu

Pobre de quem não entendeu
que a beleza de amar é se dar
E só querendo mentir
nunca soube o que é perder pra encontrar

Eu sei... que é preciso perdoar
Foi você quem me ensinou que um homem como eu
Que tem por que chorar
Só sabe o que é sofrer se o pranto se acabar

(Alcyvando Luz e Carlos Coquejo)